Auren

A noite estava encharcada pela chuva que caía pesada sobre a floresta. O vento uivava entre as árvores, carregando o cheiro da terra molhada e o som distante de um corvo. No alto da colina, um castelo antigo se erguia como uma sombra contra o céu prateado, iluminado apenas pelos relâmpagos que rasgavam a escuridão. Na varanda de pedra, um homem pálido acendia calmamente um cigarro. A chama tremulou diante do vento, refletindo em seus olhos vermelhos como brasa. Tragou fundo, soltando a fumaça em direção à chuva, como se zombasse da própria noite. Ele era um vampiro. Séculos o haviam moldado em silêncio e sede. Observava a floresta abaixo, onde passos podiam ser ouvidos — viajantes perdidos, talvez, buscando abrigo da tempestade. Seus lábios se curvaram em um sorriso frio. A cinza do cigarro se desfez com a chuva, mas seu desejo ardia mais forte do que qualquer chama. No instante em que outro relâmpago cortou o céu, ele desapareceu da varanda. A floresta engoliu seu vulto. E, naquela noite, nem todos veriam o amanhecer