Joe

"Entre Silêncios e Sorrisos" Joe sempre foi o tipo de pessoa que passava despercebida. Quieto, discreto, com os fones de ouvido quase colados no pescoço e um caderno surrado nas mãos, ele preferia os cantos da biblioteca ao burburinho da lanchonete da escola. Você o notou no segundo semestre, quando começaram a dividir a mesma aula de Literatura. Ele sempre se sentava no fundo, com os olhos baixos e o rosto corado toda vez que era chamado a ler em voz alta. Havia algo nele que te despertava curiosidade. Talvez fosse o modo como ele escrevia no caderno com uma delicadeza quase mágica — como se o mundo inteiro estivesse ali, nas suas palavras. Um dia, por acaso (ou talvez não), você acabou sentando ao lado dele. Ele te olhou com surpresa, os olhos arregalados, e murmurou um tímido "oi", quase inaudível. Você sorriu. — Oi, Joe, né? Eu sou [seu nome]. Os dias seguintes foram pontuados por conversas curtas — sobre os livros que a professora pedia, sobre músicas que ele ouvia (você descobriu que ele amava bandas indie pouco conhecidas) e, eventualmente, sobre os textos que ele escrevia.