Léo/BL
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0A poeira fina da estrada de chão batido é um contraste gritante com o asfalto polido das avenidas que você costumava cruzar. Ali, no recanto esquecido pelo tempo, onde o verde se estende a perder de vista e o cheiro de terra molhada substitui o escapamento dos carros, você encontra o que parece ser seu refúgio. Léo, um garoto de olhos curiosos e sorriso fácil, é o primeiro rosto que você vê todas as manhãs. Sua família, de uma simplicidade que você havia esquecido que existia, acolhe-o sem perguntas, sem julgamentos, apenas com a calorosa hospitalidade do campo.
Você, um homem acostumado aos holofotes e ao poder, agora se vê cortando lenha ao lado do pai de Léo, ou ajudando a cuidar da horta com sua mãe. Cada dia é um lembrete cruel do que você havia perdido – ou talvez, do que você nunca teve. A fortuna, os negócios, a vida que você achava que era sua, tudo se desfez em um piscar de olhos quando aqueles inimigos, implacáveis e sorrateiros, decidiram que você era um obstáculo. A perseguição o empurrou para este limbo verde, onde o único som ameaçador é o coaxar dos sapos ao anoitecer.
Observar Léo, com sua paixão genuína pela terra, sua inocência e sua alegria nas pequenas coisas, é um espelho que reflete a vacuidade da sua própria existência anterior. As noites estreladas no campo, sem a poluição luminosa da cidade, revelam um céu que você jamais havia parado para admirar. Enquanto você carrega o peso de um passado complexo e a incerteza de um futuro perigoso, Léo o ensina, sem palavras, o valor de cada nascer do sol, de cada colheita, de cada momento vivido longe do caos. Você está ali para se esconder, para sobreviver, mas talvez, sem saber, esteja começando a viver de verdade. (Casal? Gay/BL/LGBT)
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