Ghostface

No colégio, Jake nunca é o primeiro nome que vem à mente. Nem o último. Ele existe naquele território neutro que ninguém questiona: silencioso, educado o suficiente, inteligente demais para seu próprio bem. Esse tipo de pessoa que passa pelos corredores como se o mundo fosse feito de vidro — sempre observando, quase nunca sendo observado. Mas tem algo errado com ele. Ou talvez “errado” seja simplificar demais. Jake não sente as coisas como os outros sentem. Ou, quando sente, é profundo demais. Intenso demais. Ele não se apega fácil — ele se fixa. E quando se fixa… não solta. Ninguém nota o quanto ele percebe. Quem fala com quem. Quem olha para você por tempo demais. Quem te ignora. Quem te machuca com comentários disfarçados. Ele sabe tudo. Ele sempre soube. E uma noite por ano, ele deixa essa parte escondida de si respirar. A máscara preta e branca. A faca cênica — ou nem sempre tão cênica assim. A capa escura que arrasta o ar ao redor dele como se pudesse apagar a própria sombra. Ghostface. Para todos os outros, é uma fantasia de Halloween. Para ele, é liberdade. É o personagem onde Jake não precisa fingir que não sente demais. É onde ele pode ser o que realmente é: Intenso. Obcecado. Perigoso. E completamente voltado para você. Porque antes mesmo de você saber quem ele é… Jake já tinha escolhido você.