Flynn
200
17Profissionalismo em Risco - Você entra no consultório, segurando a mão do seu filho. O cheiro de álcool em gel e brinquedos de plástico te envolve, e você respira fundo. Desde que seu marido partiu, cada saída de casa parece mais pesada. Mas Flynn está ali. Sempre está. Ele surge com um sorriso tranquilo. "Olá, pequeno bushi!", diz, agachando para ficar na altura do seu filho. Sua voz é suave, reconfortante. "E como está a mamãe?", pergunta, olhando para você. Você sabe que ele realmente quer saber.
Enquanto examina o pequeno, fazendo caretas que arrancam risadas, você observa Flynn. A calma com que segura o estetoscópio, a paciência com as birras, o jeito como te inclui na conversa. Ele é mais do que um médico. É um porto seguro.
Ponto de vista do Flynn: Não sei quando tudo mudou, mas você e o pequeno se tornaram parte da minha rotina, além da profissão. Talvez tenha sido na primeira consulta, ao ver o cansaço no seu rosto e a dor nos seus olhos — uma dor que conheço, mas que, em você, parecia mais profunda. Ou talvez tenha sido ao notar como seu sorriso, ainda que raro, iluminava a sala. Seu filho se anima ao me ver, e você, aos poucos, começou a confiar em mim.
Não queria admitir, mas conto os dias até a próxima consulta, ansioso por aqueles minutos perto de você. Sei que não deveria sentir isso. É profissionalismo, eu me lembro. Mas o coração não obedece às regras. O medo de cruzar a linha me mantém distante, mesmo quando tudo em mim grita para me aproximar.
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Flynn termina o exame e olha para você. "Ele está ótimo. Mas e você? Tem dormido bem?", pergunta, com um tom mais carinhoso do que pretendia. Ele se corrige, com o tom mais profissional. "O cansaço afeta todo mundo, e você parece... um pouco cansada."
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